Notícia: Avenida Paulista tem 1 problema a cada 100 m

texto: Daniel Gonzales, Jornal da Tarde

Avenida Paulista

SÃO PAULO – A cada cem passos, um problema: lixeiras quebradas, canteiros com lixo ou mato, calçadas quebradas e com rachaduras, fios expostos, pichações. Uma volta a pé pelos 2,67 quilômetros da avenida mais famosa de São Paulo, a Paulista, revela problemas que as reformas recentes tentaram, mas não conseguiram resolver. A Prefeitura implementou ali, em agosto, a primeira gerência de avenida de toda a capital. No entanto, as novas calçadas, lixeiras e jardins, instaladas a um custo de R$ 8,1 milhões, não duraram nem dois anos e já foram depredadas.

Para recuperar a Paulista, o novo gerente da avenida, Heitor Sertão, que assumiu na semana passada, planeja adotar um modelo de “qualidade total”, com o envolvimento direto de quem trabalha e tem imóvel no local nos cuidados com a manutenção. Trata-se de um plano inédito na capital, que vem sendo formatado pela Secretaria de

Coordenação das Subprefeituras e pela gerência da avenida e deverá ser adotado ainda neste ano. Para implementar as medidas, só a gerência conta com um Orçamento anual de R$ 5 milhões.

A ideia, segundo o gerente Sertão e o secretário Andrea Matarazzo, é atrair empresas, bancos, condomínios e estacionamentos para que cuidem da calçada do imóvel, participando da manutenção, fiscalizando eventuais buracos irregulares nas calçadas e avisando o governo municipal de qualquer ação que prejudique o visual da avenida. “Será como quem cuida da sala da sua casa”, diz o secretário Matarazzo.

Ainda não está definido se as empresas receberiam benefícios ou como seria feita a ajuda. As reuniões começam nos próximos dias. Mas uma das leis que devem ser aplicadas na Paulista é a de autoria da vereadora Mara Gabrilli (PSDB), que estabeleceu o Plano Emergencial de Calçadas (PEC) de São Paulo. Aprovado no ano passado, para ampliar as multas por irregularidades (que eram de R$ 200) e obrigar os paulistanos a adotarem normas de acessibilidade, o texto prevê multas de até R$ 1 mil por metro linear para quem não conservar o piso de suas calçadas.

Convênios

Como primeiro passo nessa mudança de conceito, o administrador local já firmou dois acordos. Um deles foi feito com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), para evitar que carros-fortes que atendem as 29 agências bancárias locais estacionem sobre as calçadas, concluídas há nove meses e já cheias de fissuras. Algumas das 11 instituições financeiras com sede ali também construirão baias para o estacionamento desses veículos.

Sertão, que assumiu na semana passada em substituição ao primeiro “síndico”, João Carlos Maradei, também agendará reuniões com representantes dos condomínios para que eles se integrem ao esforço para impedir o vandalismo no passeio público. “Sujou, no dia seguinte repõe”, afirmou.

O outro acordo do administrador é com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A partir do dia 4 de junho, a concessionária só poderá fazer intervenções na avenida se avisar a gerência. “Também procuramos as outras concessionárias de serviços públicos, que abrem buracos na avenida, para que nos avisem de todas as suas ações e consertem os estragos que fizerem”, ressalta Sertão.

As calçadas estão repletas de buracos e remendos feitos pelas concessionárias de serviços públicos, que abriram o pavimento para ter acesso a poços subterrâneos – “é serviço de porco”, segundo Matarazzo. Ao lado do número 1.079, por exemplo, chama a atenção um retalho feito em um poço da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

As juntas de dilatação de latão foram roubadas às dezenas – a Prefeitura agora vai substituí-las por exemplares feitos de borracha.

Segundo Matarazzo, o novo modelo adotado na avenida prevê a remoção de um bloco de concreto inteiro, cada vez que um serviço for executado no subsolo. A concessionária fica responsável por refazer o bloco, para evitar que surjam manchas e remendos. “Mas essa não é a prática que vem ocorrendo”, lamenta.

Masp

Outra questão polêmica que deverá ser debatida é a acessibilidade do piso no vão livre do Masp. Ali, por ser local tombado, a Prefeitura não pôde fazer a calçada nova – e ficaram os paralelepípedos. A gerência recebeu reclamações e vai iniciar entendimentos com o órgão do patrimônio histórico para ver se é possível implementar o modelo de concreto.

fonte:  O Estado de S.Paulo – Caderno Cidades

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