Braile: presente na sinalização do futuro
Aproveitando o mês de aniversário de Louis Braille, quero utilizar este espaço para falar sobre a importância do braile na sinalização ambiental. A tecnologia tem evoluído, com recursos como geolocalização, aplicativos, identificadores de semáforo aberto, leitores de tela, touch screen com recursos de acessibilidade, entre outros, mas na verdade, de palpável na nossa legislação e acessível economicamente de forma abrangente, temos o piso tátil, os recursos sonoros, os mapas táteis e a sinalização em braile e em relevo.
Esses poucos recursos, mesmo que pareçam defasados em comparação com os anteriores, promovem orientação bastante satisfatória quando bem empregados, mesmo sem necessariamente estar relacionados a recursos mais tecnológicos. A verdade é que ainda hoje esses recursos são pouco utilizados, e já se fala em passar para outros, graças ao avanço tecnológico e o crescente acesso a esses recursos que vem ocorrendo de forma geral. Porém, por enquanto, devemos utilizar os recursos que temos a mão e garantir a orientabilidade das pessoas cegas.
Perguntam: para que piso tátil se é possível ter informações precisas sobre localização e orientação de deslocamento com georeferenciamento? Para que braile se ao se aproximar um som pode reproduzir o nome da sala? São recursos ótimos, mas na prática, distantes da realidade. Talvez tenham maior sorte no Japão, país com grande adesão à tecnologia. Mas ainda lá o piso tátil está nas ruas e o braile, nos equipamentos eletrônicos. Mas ao contrário do que dizem, que a tecnologia irá substituir o braile, eu acredito que ele sempre terá seu lugar garantido.
Costumam me perguntar nos trabalhos e consultorias que faço: é realmente necessário colocar plaquinhas em braile em todas as salas? E eu respondo com outra pergunta: você vai deixar de colocar a placa com o nome escrito em alguma sala? Óbvio, que não. Ora, se as pessoas que enxergam precisam dessa sinalização para identificar rotas e acessos, como devem ficar as pessoas que não enxergam para ter a mesma autonomia? A equivalência são as placas em braile e em relevo e, portanto, sim, devem ser colocadas em todas as salas e em todas as sinalizações. Isso, associado a pisos táteis de alerta e direcionais, mapas em relevo, diretórios e um bom treinamento dos funcionários irá garantir um deslocamento seguro e autônomo.
Devemos tornar notório que o conceito de acessibilidade visa englobar a diversidade humana, pois, de forma geral, acredita-se que a acessibilidade esta relacionada apenas à eliminação de barreiras físicas para usuários de cadeira de rodas. Mas atenção: a ausência de sinalização para pessoas com deficiência visual constitui-se sim em uma barreira para o uso pleno do espaço. Assim como para qualquer pessoa.
Originalmente publicado na minha coluna no Portal Vida Mais Livre